Um caçador vai para a mata. Encontra um crânio humano antigo. O caçador pergunta:
__ O que trouxe você aqui?
__ Falar é o que me trouxe aqui __ responde o crânio.
O caçador sai correndo. Vai procurar o rei. Depois de o encontrar, diz:
__ Encontrei um crânio humano na mata. Ele pergunta como estão seu pai e sua mãe.
__ Nunca, desde que minha mãe me deu à luz, ouvi falar de um crânio morto capaz de falar __ diz o rei.
O rei manda chamar o álcali, o saba e o degi (juiz muçulmano) e pergunta-lhes se já ouviram falar de algo parecido. Nenhum dos sábios tinha ouvido falar naquilo, e eles resolvem mandar um guarda com o caçador à mata para descobrir se a história era verdadeira e, se fosse, saber qual a explicação para ela. O guarda acompanha o caçador à mata com ordem de mata-lo ali mesmo se tivesse mentido. Os dois encontram o crânio. O caçador dirige-se ao crânio:
__ Fale crânio.
O crânio mantém-se em silêncio. O caçador faz a mesma pergunta de antes:
__ O que trouxe você aqui?
O crânio não responde. Durante todo o dia, o caçador implora ao crânio que fale, mas ele não responde. À noite o guarda pede ao caçador que faça o crânio falar e, como ele não consegue, o mata de acordo com a ordem do rei. Depois que o guarda vai embora, o crânio abre as mandíbulas e pergunta à cabeça do caçador morto:
__ O que trouxe você aqui?
__ Falar é o que me trouxe aqui __ responde a cabeça do caçador morto.
Contos Folclóricos Nupes. A Gênese Africana: contos, mitos e lendas da África. Leo Frobenius e Douglas C. Fox. Tradução de Dinah de Abreu Azevedo. SP. Martin Claret, 2010.
Arakén: personagem indígena, chefe de tribo, do romance Iracema, de José de Alencar.
Tupã: nome dado a Deus na língua tupi, em referência ao trovão. Também se diz Tupá.
Peri: principal personagem do romance O Guarani, de José de Alencar.
Voragem: sorvedouro, abismo.
Caudal: torrente impetuosa. Também pode ser usado no feminino. É empregado ainda como adjetivo.
Jati: abelha pequenina.
Iracema: personagem principal do romance de José de Alencar, obra aliás que ostenta êste nome.
Mãe-d’água: ser fantástico que a imaginação popular diz viver nos rios e lagos.
Saci-pererê: ser fantástico, um negrinho de uma perna só que a imaginação popular criou como perseguidor de viajantes.
Ipê: nome de planta também conhecida como pau-d’arco.
Descambar: cair, derivar.
Arrojo: bravura.
Minuano: vento que sopra no pampa.
Rancheira: música típica da região sulina.
Pistóia: povoação da Itália, na Toscana, onde foram sepultados os brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial.
Catulo: Catulo da Paixão Cearense, autor das mais célebres poesias regionais de nossa literatura.
Castro Alves: Antônio de Castro Alves, poeta da geração romântica, o mais vibrante do Brasil.
Retirado do livro Conheça seu Idioma de Osmar Barbosa.CIL S/A. SP. 1971. Volume 1. Página 69.
Osmar Barbosa — Poeta, escritor, tradutor e professor, nascido em vitória, no Espírito Santo, em 1915. Lecionou no Rio de Janeiro, na década de setenta. Colaborou em vários periódicos católicos sob o pseudônimo de Frei Solitário. Publicou numerosas obras sobre ensino e literatura, entre as quais História da Literatura Brasileira, Antologia da Língua Portuguesa, A arte de falar em público, Dicionário de Verbos Franceses, Dicionário de Sinônimos Comparados; Bilac: tempo e poesia; Colheita matinal, Para as mãos de meu amor.
Este site pertence ao compositor e escritor Lopes al’Cançado Rocha, o Cristiano. Disponibiliza gratuitamente aos internautas experiências de conhecimento e conteúdo para pesquisa. Clique no link a seguir para saber dos serviços que o autor oferece: https://pingodeouvido.com/cristiano-escritor-e-redator/
Você precisa fazer login para comentar.