NOVOS ACHADOS ARQUÉTIPOS DO CRÂNIO DE LUZIA – POEMA

NOVOS ACHADOS ARQUÉTIPOS DO CRÂNIO DE LUZIA

És um dos lobos solidários, fiel e geralista

Teus gestos falam quando tua fala é calada

És lobo sincero co’ as seriedades sutis – uiva!

Vais pelos morros só, observando as moradas.

Do Morro do Picão avistas a luz-Matriz

Da Protetora dos olhos, da luminada vista

Teus olhos voam enquanto pernas cansadas

Dão-te o rumo nas guinadas úteis, sadias.

Voltas pelo vale à procura do Santo Crânio

Para rejuntar-lhe ao pesado Corpo Santo

Imune às covardes chamas de Pascásio

Ages em silêncio, uivas baixo pelos cantos.

No cérebro vêm eventos idos, mas tão claros:

Guerras, tiranias, humilhações, injustiças

Duros braços, resistências, lutas, punhos firmes

Caxias contra Otoni no Recanto dos Bravos[1].

Facas a fio, punhais curtos, foices e martelos

Espadas, castelos, catapultas contra ameias

Lanças, arcos, correntes, muros e armaduras

Instrumentos de tortura, escudos e esferas.

Esperas Dela não apenas fogos e festividades

Recolhes as Estórias, os mitos e os bons relatos

E do Cristo a potência, a Fé, força e fidelidade

Conservas, organizas, distribui tudo em fatos.

Rogai, Santa Nossa, pelas ex-alunas ofuscadas

Em tristes espíritos! Por baixo de tuas pálpebras

As Lúcias, Luzias, Lunas, Luanas, Luzes e Lumas

Lucianas, Lucílias, Anas, Cristianas e Cristinas.

Do velho vem o jovem, do trivial o arcano

Contra as ilusões e artificiais honrarias

Segues à poeirenta da Avenida Brasília[2]

Sentes, pensas; refletes e crias como humano.

No início Deus foi Quem deu a terra ao rio

Depois deu ao pescador de homens a inspiração

Para à terra dar este lindo nome: Santa Luzia

Que agora (como merece) recebe esta louvação.

“Eu acredito na redenção dessa Santíssima,

Eu acredito!”, repete o duvidoso Voltaire [3]

“Duro de crê-la, mas de certo não será lenda

Nenhum pagão teria o Tao de um Lao-tsé

Nem da virtude, como Ela, abriu a tal senda

Deu tud’ aos pobres!? Golpe no rosto da cobiça.


[3] Refere-se ao Capítulo X “O perigo das falsas perseguições e falsos mártires”, do Tratado sobre a Tolerância.


[2] Avenida principal do bairro de São Benedito da cidade de Santa Luzia/MG.


[1] Monumento do Muro de Pedra, onde teve fim a batalha entre Duque de Caxias e Teófilo Otoni (1842).

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